As novas tecnologias
digitais são responsáveis por uma verdadeira revolução na sociedade
brasileira e, por que não dizer, no mundo inteiro. O acesso à tecnologia
é cada dia mais fácil, devido a fatores como preço dos equipamentos,
facilidade de uso e sua portabilidade (os equipamentos são cada vez
menores).
Hoje, é
comum que jovens e crianças manipulem aparelhos celulares, ipod, MP4,
MP5 e outros correlatos. Tais equipamentos permitem ao usuário
fotografar, criar vídeos, gravar conversas, armazenar músicas, dados
etc.
De posse
dessas tecnologias, crianças e adolescentes - não só eles, mas
principalmente eles - estão modificando seu relacionamento com a mídia
tradicional. Deixaram de ser meros consumidores ou receptores de imagens
e notícias e assumem o perfil de produtores de imagens e de editores de
notícias, enfim, são emissores.
Sem
dúvida que o cenário descrito acima enseja certo otimismo e aponta
caminhos interessantes para o uso consciente e qualitativo das mídias e,
em particular, para seu uso no campo da educação.
As
escolas podem e devem se apropriar das tecnologias digitais para
desenvolverem projetos pedagógicos, filmar e editar seus vídeos, fazer
registros fotográficos das atividades, gravar digitalmente os conteúdos
mais significativos, etc. Aliás, isto já está acontecendo em muitas
escolas.
No Estado
do Pará, podemos citar alguns exemplos em que as escolas, alunos e
professores estão envolvidos em projetos relacionados às Tecnologias de
Informação e Comunicação –TIC, entre os quais destacamos: o I Concurso
Estadual de Blogs Educativos, no qual já ocorreram as etapas de
Castanhal, Bragança, Santarém, Marabá, e ainda faltam as de Tucuruí e Belém. Após essas etapas regionais, ocorrerá a etapa estadual.
Os
blogs das escolas ilustram perfeitamente como deve ser o uso
inteligente e criativo das tecnologias digitais. Nos blogs podemos
analisar muitos vídeos, fotografias, textos de autoria de alunos e
professores; conteúdos relevantes para a formação integral do cidadão.
Para conhecer vários desses blogs, basta acessar o blog da CTAE http://ctaeseducpa.wordpress.com/
Outro
bom exemplo é o projeto Educarede promovido pela empresa Telefônica. No
portal Educarede está em desenvolvimento o projeto Minha Terra: Aprender a Inovar.
Nele, as escolas são instigadas a produzirem vídeos, fotografias,
textos... sobre sua realidade local e depois postar os conteúdos
produzidos na internet no próprio Portal Educarede, nos blogs das
escolas e até no YouTube. Em Belém e Ananindeua, temos cerca de 22
escolas participantes da iniciativa do Educarede; essas escolas estão
sendo orientadas e acompanhadas pela equipe de professores formadores do
Núcleo de Tecnologia Educacional Profº. Washington Luis B. Lopes – NTE
Belém. Alguns destes trabalhos já produzidos estão disponíveis no blog
do NTE Belém http://ntebelempa.blogspot.com/2009/10/resultados-educarede.html
Outro exemplo é o Projeto Aluno Repórter (http://alunoreporter.com.br/) desenvolvido por professores e alunos de Bragança, coordenado pelo NTE Bragantino (http://ntebragantino.wordpress.com/). Com o projeto os alunos aprendem técnicas da radiodifusão e participam de programas ao vivo na rádio educadora de Bragança.
Ainda temos as oficinas de inclusão digital do Projeto Escola de Portas Abertas, o projeto Aluno Argonauta (http://alunosargonautas.jimdo.com/), Aluno Integrado e os cursos de Formação de Professores dos NTEs etc.
São
exemplos de iniciativas com uso das tecnologias, embasadas em propostas
pedagógicas sólidas, com objetivos claros a serem atingidos e que
promovem o diálogo entre educadores e alunos, ação conjunta de ambas as
partes envolvidas em projetos de construção de conhecimentos e
experimentação de cidadania.
Entretanto,
nenhuma das iniciativas, reveladas até aqui, ocupou o tempo dos grandes
noticiários da imprensa local, ao contrário, o olhar da grande mídia
prefere sempre expor as mazelas da escola pública. O último grande
exemplo foi o episódio protagonizado por três jovens de uma escola
pública de Belém. É preciso questionar, por que o uso inteligente e produtivo das tecnologias não é notícia e o uso inadequado ou ingênuo vira um espetáculo midiático?
É
preciso que nós educadores, continuemos nos apropriando cada vez mais
de conhecimentos para a ampla utilização das ferramentas tecnológicas
disponíveis nos dias atuais, criando possibilidades de uso dessas
tecnologias que aguce no aluno o interesse pela pesquisa
dentro e fora da escola, desenvolvendo no educando, as capacidades de
interpretação, síntese e criticidade, uma vez que, a escola é o espaço
apropriado para ensinar como as pessoas devem se portar diante das
tecnologias que fazem parte de seu cotidiano. Perguntamos: “será que
esses estudantes envolvidos sabem, por exemplo, que a pessoa que tiver
armazenado o vídeo em seu celular, pendrive ou computador poderá ser
preso em flagrante acusado de pedofilia. Veja o que determina o ECA – Estatuto da Criança e Adolescente:
Segundo
o ECA quem produz, dirige, fotografa, filma, contracena com crianças ou
adolescentes – menores de 18 anos – em cena de nudez ou sexo explicito
está sujeito às sanções referentes à pornografia infantil. E ainda, quem
publica e armazena o conteúdo pornográfico também é enquadrado na Lei
11.829. A pessoa pode ser presa em flagrante delito se for pega com o
celular ou qualquer meio eletrônico em que a imagem esteja armazenada. A
pena varia de um a quatro anos de detenção e multa.
Sustentamos
a seguinte opinião: não é por causa do recente episódio ocorrido em uma
de nossas escolas que se deve proibir o uso do celular ou de qualquer
outra tecnologia na escola. Concordamoos com Sérgio Amadeu, pesquisador
brasileiro de comunicação mediada por computador e autor dos livros
“Exclusão digital” e “A miséria na era da informação”, quando diz que
não faz sentido proibir que estudantes tenham acesso a um meio de
comunicação na escola que cada vez mais vai adquirir importância na
sociedade. Ao contrário “se agente tem problemas do uso inadequado nas
escolas, esse é um bom lugar para ensinar como as pessoas devem se
portar com o celular”. Amadeu ressalta ainda que nenhuma tecnologia
substitui a ética e nem a reflexão consciente do uso dessa tecnologia.
E
assim, finalizamos com um apelo a todos os professores e escolas, que
juntos pensemos em projetos de aplicação das TIC que apontem não só para
encurtar espaços físicos, bem como integrar as pessoas em seu espaço
urbano, e refletirmos no que diz Dr.Rogério da Costa em entrevista ao
Educarede, realizada em março de 2009, que o importante não é apenas o
tipo de projeto realizado, mas o esforço em estabelecer um novo
paradigma para as tecnologias da comunicação: elas podem servir para que
as pessoas façam um uso inteligente do espaço onde vivem que possam
integrar seus hábitos e atitudes num coletivo inteligente, que pensa a
favor do lugar em que vive. Quem sabe, um dia possamos ser alvo da mídia
em um processo inverso ao que vemos hoje, em que muitas vezes, muitas
de nossas escolas são alvos de uma mídia produzida de forma aligeirada,
pouco convidativa à reflexão, que mais contribui para diminuir a
auto-estima de alunos e professores e que decididamente não nos serve.
Texto: Jamille Galvão
Maria do Carmo Acácio
Marcelo Carvalho
Tânia Sanches
Nte marabá -PA
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