sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Características físicas da LUA

Estrutura interna


Estrutura lunar
Composição química do regolito lunar
Composto Fórmula Composição (wt %)
Mares Montanhas
sílica SiO2 45.4% 45.5%
alumina Al2O3 14.9% 24.0%
cal CaO 11.8% 15.9%
óxido ferroso FeO 14.1% 5.9%
óxido de magnésio MgO 9.2% 7.5%
dióxido de titânio TiO2 3.9% 0.6%
óxido de sódio Na2O 0.6% 0.6%
Total 99.9% 100.0%















A Lua é um corpo diferenciado: a sua crosta, manto e núcleo são distintos em termos geoquímicos. A Lua possui um núcleo interno sólido e rico em ferro, com um raio de 240 quilómetros e um núcleo externo fluido composto fundamentalmente por ferro em fusão com um raio de aproximadamente 300 km. O núcleo é envolto por uma camada parcialmente em fusão com um raio de cerca de 500 km.38 Pensa-se que esta estrutura se tenha desenvolvido a partir da cristalização fracionada de um oceano de magma global, pouco tempo depois da formação da lua, há cerca de 4,5 mil milhões de anos.
A cristalização deste oceano de magma teria criado um manto máfico através de precipitação e afundamento dos minerais olivina, piroxena e ortopiroxena. Após a cristalização de cerca de três quartos do oceano de magma, tornou-se possível a formação de Plagioclases que permaneceram à superfície formando a crosta.
Os últimos líquidos a cristalizar teriam inicialmente permanecido entre a crosta e o manto, com elevada abundância de elementos incompatíveis e produtores de calor.
 De forma consistente com esta hipótese, o mapeamento geoquímico a partir da órbita mostra que a crosta é composta principalmente por anortosito,42 enquanto que as amostras de rocha lunar dos mantos de lava que emergiram à superfície a partir da fusão parcial do manto confirmam a composição máfica do manto, o qual é mais rico em ferro que aquele da Terra. As análises geofísicas sugerem que o crosta tenha em média 50 km de espessura.
A lua é o segundo satélite mais denso do Sistema Solar, atrás apenas de Io.
 No entanto, o seu núcleo interno é pequeno, com um raio de apenas 350 km ou menos, o que corresponde a apenas cerca de 20% da sua dimensão, em contraste com os cerca de 50% de maior parte dos outros corpos terrestres. A sua composição não está ainda confirmada, mas é provavelmente de ferro metálido ligado com uma pequena quantidade de enxofre e níquel. A análise da rotação da Lua indica que o núcleo seja fundido, pelo menos em parte.
As investigações sobre as camadas internas da Lua baseiam-se nos dados obtidos por sismógrafos instalados em certos pontos do satélite colocados durante as missões Apollo. Experimentos para criar ondas sísmicas e analisar a estrutura do satélite foram conduzidos colidindo-se estágios liberados dos foguetes das missões Apollo em pontos específicos da superfície lunar.
Contudo, verificou-se que a Lua não é tão geologicamente inerte quanto se imaginava, apresentando três tipos principais de tremores. Alguns deles ocorrem devido à diferença de temperaturas entre o dia e a noite lunar, como resultado da contração e da dilatação térmica das rochas, causando seu leve movimento. Outro tipo comum de tremor tem origem nas profundezas do satélite, a mais de mil quilômetros de profundidade na transição entre a parte sólida e a fundida do manto. Chama a atenção que os pontos de origem dos tremores se encontram próximos uns dos outros, ou seja, os tremores parecem compartilhar o mesmo epicentro. A origem deste tipo de tremor possivelmente reside na liberação da tensão existente por conta da rigidez diferenciada das duas camadas. Por fim o terceiro tipo de tremores ocorrem a cerca de trezentos quilômetros de profundidade e são os mais fortes registrados na Lua, embora atinjam em média somente quatro graus na escala Richter, ou seja, são fracos comparados com os sismos terrestres. Possivelmente são causados pela acomodação das rochas nas camadas intermediárias do satélite.

Geologia

Topografia da Lua. Note a região da Bacia do Polo Sul-Aitken, à esquerda, onde se encontram as menores altitudes do relevo lunar.


A topografia da Lua tem sido medida através de técnicas de altimetria laser e análise estereoscópica.
Uma das características mais notáveis do relevo lunar é a Bacia do Polo Sul-Aitken que, com cerca de 2240 km de diâmetro, é a maior cratera conhecida do Sistema Solar, localizada em sua face oculta. Com 13 km de profundidade, a sua base é o ponto de menor altitude na Lua.
 Os pontos mais altos encontram-se imediatamente a nordeste desta bacia, tendo sido sugerido que esta área possa ter sido formada através do impacto oblíquo na superfície que esteve na origem da depressão, sendo os destroços arremessados para esta região. As outras bacias de impacto de grande dimensão, como os mares Imbrium, Serenatis, Crisium, Mare Smythii e Orientale, possuem igualmente pouca altitude e orlas elevadas.
 A face oculta da Lua é, em média, cerca de 1,9 km mais elevada do que a face voltada para a Terra.
A história geológica da Lua é dividida em seis épocas principais, que compõem a escala de tempo geológico lunar. Com início há cerca de 4,5 mil milhões de anos atrás, a recém-formada Lua encontrava-se em estado de fusão e numa órbita muito mais próxima da Terra, o que provocava forças de maré significativas. Estas forças deformaram o corpo em arrefecimento na forma de uma elipse, cujo principal eixo aponta para a Terra.
Pouco tempo após a formação da crosta lunar, ou mesmo durante a sua formação, começaram-se a formar diferentes tipos de magma que estiveram na origem dos noritos e troctolitos de magnésio.

Características vulcânicas

As planícies lunares escuras e relativamente desertas que podem ser facilmente observadas a olho nu são denominadas mares (ou maria em latim), uma vez que os astrônomos da Antiguidade acreditavam que continham água.
 Sabe-se agora que são vastos depósitos antigos de basáltica. Embora semelhantes aos basaltos terrestres, os basaltos dos mares têm uma abundância muito maior de ferro, ao mesmo tempo que não possuem quaisquer minerais alterados pela água.
A maioria destas lavas afluiu ou foi projetada para as depressões formadas por crateras de impacto, pois eram as regiões mais profundas da topografia lunar. Na orla dos mares, encontram-se várias províncias geológicas, com vulcões-escudo e domos lunares.
Os mares encontram-se quase que exclusivamente na face visível da Lua, cobrindo 31% da sua superfície voltada para a Terra, enquanto que na face oculta são raros e apenas cobrem 2% da superfície. 
Pensa-se que isto seja devido à concentração de elementos produtores de calor na face visível, observada em mapas geoquímicos obtidos através de espectrómetros de raios gama, a qual poderia ter provocado o aquecimento, fusão parcial, subida à superfície e erupção do manto inferior.
 A maior parte dos basaltos presentes nos mares surgiu durante erupções no período Ímbrico, há cerca de 3-3,5 mil milhões de anos, embora algumas amostras datadas através de radiometria sejam de há 4,2 mil milhões de anos,enquanto que as erupções mais recentes datam de há apenas 1,2 mi milhões de anos.
As regiões mais claras da superfície lunar são denominadas terrae ou montanhas, uma vez que são mais elevadas do que a maior parte dos mares. Têm sido datadas, através de radiometria de há 4,4 mil milhões de anos, e podem representar cumulatos de plagioclase do oceano de magma lunar.
Em contraste com a Terra, pensa-se que nenhuma das principais cadeias montanhosas da Lua tenha sido formada em consequência de eventos tectónicos.
A concentração de mares na face visível é provavelmente o reflexo de uma crosta substancialmente mais espessa nas montanhas da face oculta, as quais podem ter sido formadas durante o impacto a pouca velocidade de uma segunda lua terrestre poucas dezenas de milhões de anos após a formação das próprias luas.
Vista da esquerda
Face visível
Vista da direita
Face oculta
Quatro vistas da Lua. Da esquerda para a direita: o lado oculto, vista da direita, lado visível e vista da esquerda. Observe que o lado voltado para a Terra apresenta muito mais regiões escuras (mares lunares) que a face oculta.

Crateras de impacto



A cratera lunar Daedalus no lado oculto da Lua


O outro principal processo geológico que afetou a superfície lunar foi a formação de crateras de impacto, em consequência da colisão de asteroides e cometas com a sua superfície. Estima-se que só na face visível existam cerca de trezentas mil crateras com diâmetro superior a um quilómetro. Algumas são batizadas em homenagem a investigadores, cientistas e exploradores.
 A escala de tempo geológico lunar é baseada nos principais eventos de impacto, como o nectárico, ímbrico ou o Mare Orientale, estruturas que são caracterizadas por vários anéis de material revolto, geralmente com centenas ou dezenas de quilómetros de diâmetro e associados a uma gama diversa de depósitos de material projetado que formam um horizonte estratigráfico regional.
A ausência de atmosfera, meteorologia e processos geológicos recentes significa que muitas destas crateras se encontram perfeitamente preservadas. Embora só algumas das bacias com múltiplos anéis tenham sido datadas em definitivo, são, no entanto, úteis para atribuir datas relativas. Uma vez que as crateras de impacto se acumulam a um ritmo relativamente constante, a contagem do número de crateras em determinada área pode ser usada para estimar a idade da superfície.
 As idades radiométricas das rochas de impacto recolhidas durante as missões Apollo datam de há 3,8-4,1 mil milhões de anos. Isto tem sido usado para propor a existência de um Intenso bombardeio tardio de impactos.
A crosta lunar é revestida por uma superfície de rocha pulverizada denominada regolito, formada por processos de impacto. O regolito mais fino, o solo lunar de dióxido de silício, tem uma textura semelhante a neve e odor semelhante a pólvora usada.
O regolito das superfícies mais antigas é geralmente mais espesso que o das superfície mais jovens, variando entre dez a vinte metros nas terras altas e três a cinco metros nos mares.
Por baixo da camada de regolito encontra-se o megaregolito, uma camada de rocha matriz bastante fraturada com vários quilometros de espessura.

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