revoluções no Brasil no período colonial |
As Revoltas
do Período Colonial Brasileiro se
dividiram entre interesses nativistas e interesses separatistas.
O Brasil foi colonizado por
Portugal a partir de 1500, mas a efetiva exploração do território
não começou no mesmo ano. Inicialmente, os portugueses apenas
extraíam das terras brasileiras o pau-brasil que era trocado com os
indígenas. Na falta de metais preciosos, que demoraram ser
encontrados, esse tipo de relação de troca, chamada escambo,
permaneceu por algumas décadas. A postura dos portugueses em relação
ao Brasil só se alterou quando a ameaça de perder a nova terra e
seus benefícios para outras nacionalidades aumentou.
Com o desenvolvimento da
exploração do Brasil em sentido colonial, ou seja, tudo que era
produzido em território brasileiro iria para Portugal, a metrópole
e detentora dos lucros finais. Esse tipo de relação estava inserido
na lógica do Mercantilismo que marcava as ligações de produção e
lucro entre colônias e suas respectivas metrópoles. O modelo que
possui essas características é chamado de Pacto Colonial, mas as
recentes pesquisas de historiadores estão demonstrando novas
abrangências sobre a rigidez desse tipo de relação comercial. Ao
que parece, o Pacto Colonial não era tão rígido como se disse por
muitos anos, a colônia tinha certa autonomia para negociar seus
produtos e apresentar seus interesses.
De toda forma, é certo que o
tipo de relação entre metrópole e colônia envolveu a prática da
exploração. O objetivo das metrópoles era auferir o máximo de
lucros possíveis com a produção das colônias. No Brasil, antes do
ouro ser encontrado e causar grande alvoroço, a cana-de-açúcar era
o principal produto produzido, na região Nordeste.
A exploração excessiva que era
feita pela metrópole portuguesa teve seus reflexos de
descontentamento a partir do final do século XVII. Neste, ocorreu
apenas um movimento de revolta, mas foi ao longo do século XVIII que
os casos se multiplicaram. Entre todos esses movimentos, podem-se
distinguir duas orientações nas revoltas: a de tipo nativista
e a de tipo
separatista.
As revoltas que se encaixam no primeiro modelo são caracterizadas
por conflitos ocorridos entre os colonos ou defesa de interesses de
membros da elite colonial. Somente as revoltas de tipo separatista
que pregavam uma independência em relação a Portugal.
Entre as revoltas nativistas
mais importantes estão: Revolta de Beckman, Guerra dos Emboabas,
Guerra dos Mascates e a Revolta de Filipe dos Santos.
São revoltas separatistas:
Inconfidência Mineira e Conjuração Baiana.
A Revolta
dos Beckman ocorreu
no ano de 1684 sob liderança dos irmãos Manuel
e Tomas
Beckman. O evento
que se passou no Maranhão
reivindicava melhorias na administração colonial, o que foi visto
com maus olhos pelos portugueses que reprimiram os revoltosos
violentamente. Foi a única revolta do século XVII.
Causa e
Objetivo: A
Companhia do Comércio do Maranhão não estava agradando os colonos:
eles traziam um número insuficiente de escravos e cobravam caro por
eles. Também adulteravam preços e medidas e seus produtos eram de
má qualidade. A população então, passou a se sentir roubada com
isso e organizou essa revolta com o objetivo de acabar com a
Companhia e expulsar os jesuítas da cidade, além de assumir o
governo de São Luís.
Líderes:
Manuel e Tomás Beckman
Conseqüências:
Os objetivos propostos pela revolta de
Beckman foram cumpridos, mas quando o movimento tentou se estender
para Belém, foi facilmente controlado pelas tropas reais, comandadas
por Gomes de Freire de Andrada e fracassou. Tomás Beckman foi preso
e seu irmão Manuel, condenado à morte. O Colégio dos Jesuítas e a
Companhia do Comércio do Maranhão foram reabertos, mas aos poucos,
este último devido a sua ineficiência, foi se extinguindo. Ou seja,
a revolta não foi bem sucedida, mas pelo menos, a Companhia que
tanto não satisfazia as necessidades da população acabou fechando
devido à sua própria incapacidade.
A Guerra
dos Emboabas foi
um conflito que ocorreu entre 1708 e 1709. O confronto em Minas
Gerais aconteceu
porque os bandeirantes paulistas queriam ter exclusividade na
exploração do ouro recém descoberto no Brasil, mas levas e mais
levas de portugueses chegavam à colônia para investir na
exploração. A tensão culminou em conflito entre as partes.
Causa e
Objetivo: Logo
depois da descoberta do ouro, começaram os conflitos. Os paulistas,
que haviam encontrado primeiro, achavam que tinham o direito
exclusivo sobre elas. Mas os forasteiros (portugueses, baianos e
pernambucanos) também tinham interesses nessa nova descoberta. Eles
foram chamados de emboabas. Ou seja, o objetivo da Guerra dos
Emboabas era conquistar as minas de ouro das Gerais.
Líderes:
Manuel Nunes Viana (emboabas) e Borba Gato
(paulistas)
Conseqüências:
Dado o início dos conflitos, os emboabas
foram conquistando muitas vitórias, pois eram mais ricos. Os
paulistas foram recuando até chegar perto de um rio, nas
proximidades de São João Del Rei. Lá foram cercados pelos
forasteiros e acabaram firmando um acordo de paz: os paulistas se
rendiam e os emboabas lhes davam liberdade. Os paulistas, sem outra
alternativa, se renderam, mas os emboabas, não cumpriram sua parte e
mataram todos os inimigos, na região que viria a ser conhecida como
Capão da Traição. Após os conflitos, a Coroa Portuguesa tentou
pacificar a região, criando a Capitania de São Paulo e das Minas de
Ouro e nomeando um novo governador. Já os paulistas, depois do
episódio da Guerra dos Emboabas, abandonaram a região das Gerais e
acabaram descobrindo novas jazidas em Goiás e Mato Grosso.
A Guerra
dos Mascates aconteceu
logo em seguida, entre 1710 e 1711. O confronto em Pernambuco
envolveu senhores
de engenho de Olinda e comerciantes portugueses de Recife. A elevação
de Olinda à categoria de vila desagradou os comerciantes
enriquecidos de Recife, gerando um conflito. O embate chegou ao fim
com a intervenção de Portugal e equiparação entre Recife e
Olinda.
Causa e
Objetivo: A
Guerra dos Mascates foi um conflito entre Olinda e Recife. Na época,
os senhores de engenho de Olinda, estavam em má situação
econômica, pois as Antilhas holandesas haviam aberto concorrência
com a produção açucareira do Nordeste. Assim, para cobrir suas
despesas, esses senhores criaram uma dívida com os comerciantes de
Recife, fazendo surgir uma rivalidade entre esses povoados. Olinda
não pretendia acertar o que devia com os mascates, como haviam sido
apelidados depreciativamente os recifenses. Esses últimos, lutavam
por sua autonomia política, já que eram administrados por uma
câmara de Olinda. Na verdade, essa luta pela autonomia de Recife
tinha o interesse de executar as dívidas com os senhores de Olinda.
Essa disputa de interesses, adquiriu ainda um caráter nativista,
pois a aristocracia olindense era de origem pernambucana e os
mascates de recife, imigrantes portugueses. No ano de 1770, a Coroa
portuguesa apoiou os mascates elevando Recife à condição de vila
independente de Olinda. Esse foi o estopim para o início do
conflito.
Líderes:
Bernardo Vieira, Leonardo Bezerra Cavalcanti
Conseqüências:
Os senhores de engenho olindenses não concordaram com a
independência dos mascates e invadiram Recife, destruindo o
pelourinho (símbolo de autonomia recém-conquistada). Os mascates
reagiram, e o conflito continuou. Depois, Portugal interveio,
querendo conciliar os dois lados, mas mesmo assim, os mascates de
Recife se beneficiaram, mantendo sua independência e tornando-se
política e economicamente mais importantes do que Olinda.
A Revolta
de Filipe dos Santos ou
Vila Rica
aconteceu em
1720. O líder Filipe
dos Santos Freire representou
a insatisfação dos donos de minas de ouro em Vila
Rica com a
cobrança do quinto e a instalação das Casas de Fundição. A Coroa
Portuguesa condenou Filipe dos Santos à morte e encerrou o movimento
violentamente.
Causa e
Objetivo: Os
donos das minas estavam sendo prejudicados com as novas medidas da
Coroa para dificultar o contrabando do ouro em pó. A Coroa
Portuguesa decidiu instalar quatro casas de fundição, onde todo
ouro deveria ser fundido e transformado em barras, com o selo do
Reino (nessa mesma ocasião era recolhido o imposto -de cada cinco
barras, uma ficava para a Coroa portuguesa). Assim, só poderia ser
comercializado o ouro em barras com o selo real, acabando com o
contrabando paralelo do ouro em pó e conseqüentemente, com o lucro
maior dos donos das minas. Então, esses últimos organizaram essa
revolta para acabar com as casas de fundição, com os impostos e com
o forte controle em cima do contrabando.
Líderes:
Filipe dos Santos
Conseqüências:
Os revoltosos realizaram uma marcha até a sede do governo da
capitania em Mariana, e como o governador conde de Assumar não tinha
como barrar a força dos donos das minas, ele prometeu que as casas
de fundição não seriam instaladas e que o comércio local seria
livre de impostos. Os rebeldes voltaram então para Vila Rica, de
onde haviam saído. Aproveitando a trégua, o conde mandou prender os
líderes do movimento, cujas casas foram incendiadas. Muitos deles
foram deportados para Lisboa, mas Filipe do Santos foi condenado e
executado. Assim, essa revolta não conseguiu cumprir seus objetivos
e foi facilmente sufocada pelo governo.
Fontes:
Donato, Hernâni. Dicionário
das batalhas brasileiras.
São Paulo: Ibrasa, 1987.
http://www.coladaweb.com/historia-do-brasil/revoltas-do-brasil-colonial
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