quarta-feira, 30 de maio de 2012

Adeus a Pedro Morbach

Um dos gênios das artes plásticas do Pará e herdeiro de outro grande nome, Pedro Morbach morreu na noite de segunda-feira (30/4), em Castanhal, após uma parada cardiorrespiratória. Ele tinha 76 anos e teve uma vida pautada pela simplicidade e pelo registro da história do seu tempo por meio dos quadros em nanquim. O corpo foi sepultado na terça-feira (1°/5), no cemitério Recanto da Saudade, em Belém.

Pedro era filho do também artista plástico Augusto Morbach e irmão de Rômulo, José Arthur e Frederico Morbach (in memoriam), este último jornalista e por muito tempo articulista deste Jornal CORREIO DO TOCANTINS.

O CT apurou que Pedro lutava há um ano contra um câncer no intestino, o qual não pode ser combatido com uma cirurgia devido à idade avançada e condições físicas fora do ideal do paciente. Casado já em idade madura, ele não teve filhos e também ficou viúvo prematuramente. Nos últimos anos, Morbach vivia em uma Casa de Repouso em Castanhal e era visitado constantemente pelo irmão José Arthur, que é médico. O outro irmão vivo, Rômulo, mora em Brasília (DF).

Segundo Íris Morbach, viúva de Frederico, irmão dele, Pedro teve uma morte tranquila, sem sofrimento. Ela destaca que ele já não pintava há pelo menos três anos, período que coincide com a morte da mãe Doralice Morbach. “Tínhamos uma convivência muito boa. Ele era a pessoa mais simplória que eu já conheci”, disse dona Iris ontem ao CORREIO, após ter participado do funeral do ex-cunhado.

ARTE
Um dos precursores das artes visuais na região e conhecido nacionalmente com a técnica de obras em nanquim, o Pedro Morbach começou a desenhar ainda criança recebendo influência direta de seu pai.

Embora não tenha participado de nenhuma escola de arte, fez de seu trabalho um reviver das raízes culturais de Marabá, retratando em óleo sobre tela, fatos importantes de nossa região, como a abertura da rodovia Transamazônica (1974). A predominância de suas obras é em nanquim e nelas Pedro retrata a vida do povo ribeirinho, o folclore, o castanheiro, o posseiro e a paisagem humana dessa região tão conhecida pelo artista.
 
De acordo com Cátia Weirich, responsável pela exposição recente de trabalhos do artista, com seus belíssimos trabalhos Morbach exerceu enorme influência sobre os jovens artistas da região. Cátia ainda ressalta que Morbach já expôs em grandes centros culturais como Belém, Brasília (DF), São Paulo (SP) e até em Berlim, na Alemanha.
 
Pedro Morbach também é homenageado com seu nome batizando a Pinacoteca Municipal de Marabá, devido à importância de seu trabalho e por ter sido ele o primeiro artista a contribuir para início do acervo da pinacoteca.



Retirado do site: http://patrickroberto.blogspot.com.br/ 

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Perfil do Professor


Professor (em latim significa aquele que administra):
Professor é o profissional que ministra aulas ou cursos em todos os níveis educacionais. É uma das profissões mais antigas e mais importantes, tendo em vista que os demais, em sua maioria, dependem dela.


1-O que é ser professor ?
Ser professor é despertar “futuros”,é criar gente que pensa,aprende, faz, avalia e refaz tudo de novo se for necessário. Ser professor é ainda garantir que todos os alunos tenham sucesso na sua trajetória escolar. É ter a clara noção de que o fracasso nos estudos,quando ocorre,é em grande parte responsabilidade dele. Afinal, ele estava lá para educar aquelas crianças, para humanizá-las, para fazer delas cidadãos conscientes.

1.1-perfil de professores:
Conjunto de ações do professor espelha a atitude profissional que ele assume no cotidiano escolar. Pode adotar uma postura desesperançada e conformada com as dificuldades que a vida e a docência trazem. Ou manifestar uma infelicidade infinita, demonstrada não somente pelo olhar vazio e pelo jeito amargo de sorrir, mas, principalmente, no modo pouco desafiador de lidar com as crianças. Ou, ainda, uma atitude positiva e confiante. Assim, conforme a trajetória de vida e o tipo de relação profissional que o professor estabeleceu, ele pode apresentar várias faces: a da conformidade, a do medo e a da realização. Vamos vê onde você ou o seu professor está!

1.1.2- o conformado: “é não tem jeito, é assim mesmo!”
Nesse caso estão os professores que acreditam que já perderam a hora e a vez. Sentem-se velhos para novidades, cansados do rumor da juventude. São bem – intencionados, mas não conseguem agir por conta própria. Em algum momento, eles ficaram sem voz emudeceram. Na sala de aula, convivem com a tristeza de perceber que podiam fazer diferentes.
Esses professores sabem que seus  alunos têm uma série  de necessidades e, principalmente,  que precisam de novos desafios. Mas foram pegos pelo desânimo, uma forma aguda de desesperança. No entanto, dedicam - se com afinco ao “pão de cada dia”, porque ainda existe um grilo falante que lhes diz, bem baixinho, que educar é uma responsabilidade importante.

1.1.3- o professor apavorado: “aluno é aluno; professor é professor ?”
Esse tipo de docente é ainda pior: acha que sabe de tudo e, por isso mesmo, morre de medo do que não conhece. Se pudesse, mandaria parar o mundo para descer.
Para os apavorados, o novo significa um desastre: vai substituir o seguro pelo que pode ser uma péssima surpresa. Confiam na mesmice já conhecida e a têm em alta conta, porque preferem não correr riscos.
Pessoas assim geralmente são medrosas, tristes, amarguradas, não acreditam em si mesmas e sim no que já sabem. O único lugar onde se sentem fortes é na sala de aula, porque ali não há surpresas.
Capacitação em serviço! Nem pensar! Além de não servir para nada, quem com a devida prática, vai mudar sua maneira de conceber os alunos e, principalmente, sua maneira de ensinar! Essas pessoas estão convencidas de que, como professore, seu papel é o de repassar conteúdos, dar a matéria prevista e ponto final: “ eu ensinei. Agora, se aprenderam, é problema deles...!”
Essa atitude rígida e inflexível combina com cumprimento de horário, obediência ás ordens, respeito á burocracia e á hierarquia. Mas, em compensação, não rima com educação. Esses professores com medo do novo não toleram indisciplina e costumam reprovar os alunos que não alcançam seus critérios de bom desempenho. Eles gostam de estudantes passivos, calados, opacos, que dependem dos outros para pensar, agir e até para sentir. A submissão os fortalece. É só assim, em uma relação de subordinação, de cima para baixo, que conseguem ver o outro. Por isso, nem pensam na possibilidade de trocas, de envolvimento pessoal.
Docentes desse tipo são pessoas solitárias. E é essa a causa de tanta inflexibilidade, intolerância, pessimismo: a falta de parceiros! Isolados, não sabem formar laços. Raramente são amados; freqüentemente, tímidos. Certamente, os alunos gostariam de dar um sumiço neles!

1.1.4 - o envolvido: “vamos para frente que atrás vem gente ?”
Esse professor olha para os alunos e enxerga um universo de possibilidades. Percebe as diferenças entre cada um e valoriza essa diversidade. Gosta de ensinar, do contato pessoal, de trabalhar em equipe, de aprender com a vida e com as pessoas. Sabe que é especial e que parte de seu encanto vem da flexibilidade para lidar com o mundo, de não ser um morto-vivo, petrificado e irredutível por não rever posições.
Todo mundo uma hora ou outra acaba errando e ser flexível é só isso: aprender com os erros e evitar cometê-los de novo. Essas pessoas encaram a existência como uma seqüência infinita de realizações. Têm poucas convicções arraigadas. Na verdade, só mantêm viva a idéia de agir, transformar esse mundo. Querem que todos acreditem que a educação é uma condição necessária, embora não suficiente, para descortinar panoramas mais otimistas.


2- Relação do professor e aluno.
A relação educador- educando não deve ser uma relação de imposição, mas sim, uma relação de cooperação, de respeito e de crescimento. O aluno deve ser considerado como um sujeito interativo e ativo, ou seja, participativo no seu processo de construção de conhecimento. Assumindo o educador um papel fundamental nesse processo, como um individua mais experiente. Por essa razão cabe ao professor considerar também, o que o aluno já sabe, sua bagagem cultural e intelectual, para a construção da sua concepção de aprendizagem e idéias.
Segundo Gadotti (1999:2), o educador por em prática o diálogo, não deve colocar-se na posição de detentor do saber, deve antes, colocar-se na posição de quem não sabe tudo reconhecendo que mesmo um analfabeto é portador do conhecimento mais importante: o da vida. De esta maneira o aprender se torna mais interessante quando o aluno se sentiu competente pelas atitudes e métodos de motivação em sala de aula. O prazer pelo aprender não é uma atividade que surge espontaneamente nos alunos, pois, não é uma tarefa que cumprem com satisfação, sendo em alguns casos encarada como obrigações. Para que isto possa ser melhor cultivado, o professor deve despertar a curiosidade dos alunos, acompanhando suas ações no desenvolvimento das atividades.
Segundo Freire (1996: 96) “o bom professor é o que consegue, enquanto fala trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas”. Ainda Freire “o professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal-amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem deixar marcas.”
Logo, a relação entre professor e aluno depende fundamentalmente, do clima estabelecido pelo professor, da relação empática. Com seus alunos, de sua capacidade de ouvir, refletir e discutir o nível de compreensão dos alunos e da criação das pontes entre o seu conhecimento e o deles. Indica também, que o professor, educador da era industrial com raras exceções, deve buscar educar para as mudanças, para a autonomia, para a liberdade possível numa abordagem global, trabalhando o lado positivo dos alunos e para a formação de um cidadão consciente de seus deveres e de suas responsabilidades sociais.

retirado do livro Programa de interiorização de licenciaturas; disciplina: Didática - UNAMA

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes) - biografia

[creditofoto]Líder da Inconfidência Mineira e primeiro mártir da Independência do Brasil, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, nasceu em Minas Gerais em 1746, filho do proprietário rural português Domingos da Silva Santos.
 
Como ficou órfão com apenas 11 anos de idade, Tiradentes desde cedo aprendeu a lidar com os problemas da vida, e como se adaptou muito bem na sua cidade natal que ficava em Minas Gerais, logo ficou conhecido pela sua simpatia e o desejo de ajudar os pobres. Já adulto, aprendeu a trabalhar como tropeiro, minerador e dentista.
Tiradentes gostava muito da área militar  e chegou a se ingressar no regime militar dos Dragões de Minas Gerais, com isso acabou conhecendo os planos do governo brasileiro e português. Não muito satisfeito com a ideia de que Portugal dominasse o Brasil, logo o primeiro mártir da Independência do Brasil se juntou a vários mineiros como advogados, poetas, entre outras pessoas e acabou iniciando a famosa Inconfidência Mineira, considerado um dos primeiros movimentos do Brasil com o objetivo de tentar livrar o país de Portugal.
Antes mesmo de freqüentar a escola, já havia aprendido a ler e escrever com a mãe. Órfão de mãe e pai desde a juventude, ficou sob a tutela de um tio até a maioridade, quando resolveu conhecer o Brasil. Já adulto, foi tropeiro, mascate e dentista (daí o apelido). Trabalhou em mineração e tentou a carreira militar, chegando ao posto de alferes no Regimento de Cavalaria Regular.
 
Bandeiras utilizadas
 1                                                                          2                                                       3
1  Bandeira dos inconfidentes (1789)      
2 Variação da bandeira inconfidente (1789).         
3 Bandeira dos   inconfidentes (atual Bandeira de Minas Gerais)

Além das influências externas, fatores mundiais e religiosos contribuíram também para a articulação da conspiração nas Minas Gerais. Com a constante queda na receita institucional, devido ao declínio da atividade da cana de açúcar, a reforma econômica a metrópole portuguesa de D.João V instituiu medidas que garantissem o Quinto, imposto que obrigava os residentes das Minas Gerais a pagar, semestralmente, cem arrobas de prata, destinadas à Real Fazenda. A partir da nomeação de Antônio Oliveira Meneses como governador da província, em 1782, ocorreu a marginalização de parte da elite local em detrimento de seu grupo de amigos. O sentimento de revolta atingiu o máximo com a decretação da derrama, uma medida administrativa que permitia a cobrança forçada de impostos , mesmo que preciso fosse prender o cobrado, a ser executada pelo novo governador das Minas Gerais, Luís Antônio Furtado de Mendonça, 6.º Visconde de Barbacena (futuro Conde de Barbacena), o que afetou especialmente as elites mineiras. Isso se fez necessário para se saldar a dívida mineira acumulada, desde 1762, do quinto, que à altura somava 768 arrobas de ouro em impostos atrasados.
 
Foi na tropa que Tiradentes entrou em contato com as idéias iluministas, que o entusiasmaram e inspirariam a Inconfidência Mineira, a primeira revolta no Brasil Colônia a manifestar claramente sua intenção de romper laços com Portugal, marcando o início do processo de emancipação política do Brasil.

O movimento se iniciaria na noite da insurreição: os líderes da "confidência" sairiam às ruas de Vila Maria dando vivas à República, com o que ganhariam a imediata adesão da população. Porém, antes que a conspiração se transformasse em revolução, em 15 de março de 1789 foi delatada aos portugueses por Joaquim Silvério dos Reis, coronel, Basílio de Brito Malheiro do Lago, tenente-coronel, e Inácio Correia de Pamplona, luso-açoriano, em troca do perdão de suas dívidas com a Real Fazenda. Anos depois, por ordem do novo oficial de de milícia Ernesto Gonçalves, planejou o assassinato de Joaquim Silvério dos Reis.

Entrementes, em 14 de março, o Visconde de Barbacena já havia suspendido a derrama o que de esvaziara por completo o movimento. Ao tomar conhecimento da conspiração, Barbacena enviou Silvério dos Reis ao Rio para apresentar-se ao vice-rei, que imediatamente (em 7 de maio) abriu uma investigação (devassa). Avisado, o alferes Tiradentes, que estava em viagem licenciada ao Rio de Janeiro escondeu-se na casa de um amigo, mas foi descoberto ao tentar fazer contato com Silvério dos Reis e foi preso em 10 de maio. Dez dias depois o Visconde de Barbacena iniciava as prisões dos inconfidentes em Minas.
Dentre os inconfidentes, destacaram-se os padres Carlos Correia de Toledo e Melo, José da Silva e Oliveira Rolim e Manuel Rodrigues da Costa, o tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, comandante dos Dragões, os coronéis Domingos de Abreu Vieira e Joaquim José dos Reis (um dos delatores do movimento), os poetas Cláudio Manuel da Costa, Inácio José de Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga, ex-ouvidor.

Os principais planos dos inconfidentes eram: estabelecer um governo republicano independente de Portugal, criar industrias no país que surgiria, uma universidade em Vila Rica e fazer de São João del-Rei a capital. Seu primeiro presidente seria, durante três anos, Tomás Antonieto Mello, após o qual haveria eleições. Nessa república não haveria exército – em vez disso, toda a população deveria usar armas, e formar uma milícia quando necessária. Há que se ressaltar que os inconfidentes visavam a autonomia somente da província das Minas Gerais, e em seus planos não estava prevista o direito de autonomia da população feminina.

Sobre Tiradentes, recaiu a responsabilidade total pelo movimento, sendo o único conspirador condenado à morte.
 
Por igual crime de lesa-majestade, em 1759, no reinado de D. José I de Portugal, a família Távora, no processo dos Távora, havia padecido de morte cruel: tiveram os membros quebrados e foram queimados vivos, mesmo sendo os nobres mais importantes de Portugal. A Rainha Dona Maria I sofria pesadelos devido à cruel execução dos Távoras ordenado por seu pai D. José I e terminou por enlouquecer.

Em parte por ter sido o único a assumir a responsabilidade, em parte, provavelmente, por ser o inconfidente de posição social mais baixa, haja vista que todos os outros ou eram mais ricos, ou detinham patente militar superior. Por esse mesmo motivo é que se cogita que Tiradentes seria um dos poucos inconfidentes que não era tido como maçom.

E assim, numa manhã de sábado, 21 de abril de 1792, Tiradentes percorreu em procissão as ruas do centro da cidade do Rio de Janeiro, no trajeto entre a cadeia pública e onde fora armado o patíbulo. O governo geral tratou de transformar aquela numa demonstração de força da coroa portuguesa, fazendo verdadeira encenação. A leitura da sentença estendeu-se por dezoito horas, após a qual houve discursos de aclamação à rainha, e o cortejo munido de verdadeira fanfarra e composta por toda a tropa local. Bóris Fausto aponta essa como uma das possíveis causas para a preservação da memória de Tiradentes, argumentando que todo esse espetáculo acabou por despertar a ira da população que presenciou o evento, quando a intenção era, ao contrário, intimidar a população para que não houvesse novas revoltas.

Enforcado em 21 de abril de 1792, teve seu corpo esquartejado. Seus membros foram espalhados pelo caminho que ligava o Rio de Janeiro a Minas Gerais. Sua cabeça foi exposta em Vila Rica.

Com a morte de Tiradentes, o Estado português queria demonstrar uma punição exemplar para desencorajar qualquer revolta contra o regime colonial. Tiradentes tornou-se mártir da Independência e da República.
 
Atualmente, onde se encontrava sua prisão, funcionou a Câmara dos Deputados na chamada "Cadeia Velha", que foi demolida e no local foi erguido o Palácio Tiradentes que funcionava como Câmara dos Deputados até a transferência da capital federal para Brasília. No local onde foi enforcado ora se encontra a Praça Tiradentes e onde sua cabeça foi exposta fundou-se outra Praça Tiradentes. Em Ouro Preto, na antiga cadeia, hoje há o Museu da Inconfidência. Tiradentes é considerado atualmente Patrono Cívico do Brasil, sendo a data de sua morte, 21 de abril, feriado nacional. Seu nome consta no Livro de Aço do Panteão da Pátria e da Liberdade, sendo considerado Herói Nacional.


Descendência

A questão da descendência de Tiradentes é controversa. Há poucas provas documentais sobre os mesmos.
Tiradentes nunca se casou. Teve um caso com Antónia Maria do Espírito Santo, a quem prometeu casamento e teve uma filha, Joaquina da Silva Xavier (31 de agosto de 1786). Constam autos do processo de Antónia Maria descobertos no Arquivo Público Mineiro que a mesma pediu a posse de um escravo que Tiradentes lhe havia dado e havia sido confiscado após sua morte. Ali é citada sua filha (cujo padrinho foi o também inconfidente Domingos de Abreu Vieira, rico comerciante) e faz dela a única descendente direta comprovada por documentação. Tiradentes também teria querido casar-se com uma moça de nome Maria, oriunda de São João del-Rei, filha de abastados portugueses que se opuseram à união.

Sem registros comprovados por documentação, Tiradentes teria tido com Eugênia Joaquina da Silva dois filhos, uma Joaquina que logo morreue João de Almeida Beltrão, que teve oito filhos.
Para escapar das perseguições da coroa e da população, um destes netos trocou seu sobrenome para Zica, dos quais alguns descendentes recebem pensões.

Viveu em Uberaba, uma neta de Tiradentes, nascida em março de 1819, Carolina Augusta Cesarina, falecida, com 86 anos de idade, em 30 de setembro de 1905, em Uberaba.

A lei 7.705, de 21 de dezembro de 1988, concedeu pensão especial a Jacira Braga de Oliveira, Rosa Braga e Belchior Beltrão Zica, trinetos de Tiradentes.

Além destes, também foi concedida à sua tetraneta Lúcia de Oliveira Menezes, por meio da Lei federal 9.255/96, uma pensão especial do INSS no valor de R$ 200,00, o que causou polêmica sobre a natureza jurídica deste subsídio, mas solucionado pelo STF no agravo de instrumento 623.655.

Carnaval

Tiradentes recebeu grande homenagem popular do G.R.E.S. Império Serrano, que desfilou em 1949 entoando o samba Exaltação a Tiradentes, cujos autores são Mano Décio, Estanislau Silva e Penteado.
Em 2008, no desfile da Viradouro, RJ, o destaque principal do carro n.º 5 "execução da liberdade" estava fantasiado de Tiradentes. (desfile "É de Arrepiar!", de Paulo Barros - campeão em 2010)

Com informações da 
Nova Enciclopédia Ilustrada Folha
http://educacao.uol.com.br/biografias/joaquim-jose-da-silva-xavier-tiradentes.jhtm 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tiradentes

Biografia de Castro Alves

retirado do site http://www.suapesquisa.com/biografias/castroalves.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Castro_Alves

fotografia de Castro AlvesBiografia de Castro Alves, poesias, transição entre o romantismo e o parnasianismo,  literatura brasileira no século XIX, obras como Navio Negreiro e Espumas Flutuantes, livros.

Biografia, obras e estilo literário 

Antônio Frederico de Castro Alves foi um importante poeta brasileiro do século XIX. Nasceu na cidade de Curralinho (Bahia) em 14 de março de 1847.
 
Era filho de Antônio José Alves e Clélia Brasília da Silva Castro. Sua mãe faleceu em 1859. No colégio, no lar por seu pai, iria encontrar uma atmosfera literária, produzida pelos oiteiros, ou saraus, festas de arte, música, poesia, declamação de versos. Aos 17 anos fez as primeiras poesias.

O pai se casou por segunda vez em 24 de janeiro de 1862 com a viúva Maria Rosário Guimarães. No dia seguinte ao do casamento, o poeta e seu irmão Antônio José partiram para o Recife, enquanto o pai se mudava para o solar do Sodré.

Em maio de 1863, submeteu-se à prova de admissão para o ingresso na Faculdade de Direito do Recife sendo reprovado. Mas seria em Recife tribuno e poeta sempre requisitado nas sessões públicas da Faculdade, nas sociedades estudantis, na plateia dos teatros, incitado desde logo pelos aplausos e ovações, que começava a receber e ia num crescendo de apoteose. Era um belo rapaz, de porte esbelto, tez pálida, grandes olhos vivos, negra e basta cabeleira, voz possante, dons e maneiras que impressionavam a multidão, impondo-se à admiração dos homens e arrebatando paixões às mulheres. Ocorrem então os primeiros romances, que nos fez sentir em seus versos, os mais belos poemas líricos do Brasil.

Em 1863 a atriz portuguesa Eugénia Câmara se apresentou no Teatro Santa Isabel. Influência decisiva em sua vida exerceria a atriz, vinda ao Brasil com Furtado Coelho. No dia 17 de maio, Castro Alves publicou no primeiro número de A Primavera seu primeiro poema contra a escravidão: A canção do africano. A tuberculose se manifestou e em 1863 teve uma primeira hemoptise.

Em 1864 seu irmão José Antônio, que sofria de distúrbios mentais desde a morte de sua mãe, suicidou-se em Curralinho. Ele enfim consegue matricular-se na Faculdade de Direito do Recife e em outubro viaja para a Bahia. Só retornaria ao Recife em 18 de março de 1865, acompanhado por Fagundes Varela. A 10 de agosto, recitou O Sábio na Faculdade de Direito e se ligou a uma moça desconhecida, Idalina. Alistou-se a 19 de agosto no Batalhão Acadêmico de Voluntários para a Guerra do Paraguai. Em 16 de dezembro, voltou com Fagundes Varela a Salvador. Seu pai morreu no ano seguinte, a 23 de janeiro de 1866. Castro Alves voltou ao Recife, matriculando-se no segundo ano da faculdade. Nessa ocasião, fundou com Rui Barbosa e outros amigos uma sociedade abolicionista.

Em 1866, tornou-se amante de Eugénia Câmara.

Teve fase de intensa produção literária e a do seu apostolado por duas grandes causas: uma, social e moral, a da abolição da escravatura; outra, a república, aspiração política dos liberais mais exaltados. Data de 1866 o término de seu drama Gonzaga ou a Revolução de Minas, representado na Bahia e depois em São Paulo, no qual conseguiu consagrar as duas grandes causas de sua vocação. No dia 29 de maio, resolveu partir para Salvador, acompanhado de Eugênia. Na estreia de Gonzaga, dia 7 de setembro, no Teatro São João, foi coroado e conduzido em triunfo.

No período em que viveu (1847-1871), ainda existia a escravidão no Brasil. O jovem baiano, simpático e gentil, apesar de possuir gosto sofisticado para roupas e de levar uma vida relativamente confortável, foi capaz de compreender as dificuldades dos negros escravizados.

Manifestou toda sua sensibilidade escrevendo versos de protesto contra a situação a qual os negros eram submetidos. Este seu estilo contestador o tornou conhecido como o “Poeta dos Escravos”. 

Aos 21 anos de idade, mostrou toda sua coragem ao recitar, durante uma comemoração cívica, o “Navio Negreiro”. A contra gosto, os fazendeiros ouviram-no clamar versos que denunciavam os maus tratos aos quais os negros eram submetidos. 

Em fevereiro de 1870 seguiu para Curralinho para melhorar a tuberculose que se agravara, viveu na fazenda Santa Isabel, em Itaberaba. Em setembro, voltou para Salvador. Ainda leria, em outubro, A cachoeira de Paulo Afonso para um grupo de amigos, e lançou Espumas flutuantes. Mas pouco durou.

Sua última aparição em púbico foi em 10 de fevereiro de 1871 numa récita beneficente. Este notável escritor morreu ainda jovem, às três e meia da tarde, no solar da família no Sodré, Salvador, Bahia, em 6 de julho de 1871, antes mesmo de terminar o curso de Direito que iniciara, pois, vinha sofrendo de tuberculose desde os seus 16 anos.

Seus escritos póstumos incluem apenas um volume de versos: A Cachoeira de Paulo Afonso (1876), Os Escravos (1883) e, mais tarde, Hinos do Equador (1921).

É patrono da cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras.

Além de poesia de caráter social, este grande escritor também escreveu versos líricos-amorosos, de acordo com o estilo de Vítor Hugo. Pode-se dizer que Castro Alves foi um poeta de transição entre o Romantismo e o Parnasianismo. 
 
Apesar de ter vivido tão pouco, este artista notável deixou livros e poemas significativos.

Poesias de Castro Alves:

- Espumas Flutuantes, 1870

- A Cachoeira de Paulo Afonso, 1876 

- Os Escravos, 1883 

- Hinos do Equador, em edição de suas Obras Completas (1921) 

- Navio Negreiro (1869) 

- Tragédia no lar

Biografia de ZIRALDO


Ziraldo Alves Pinto, nascido em Caratinga, MG, em 1932, talvez seja o único escritor do mundo a desfrutar a honra de ter um de seus títulos comparados à lua por ninguém menos que Neil Armstrong, o primeiro astronauta a pisar o respectivo satélite, que disse: "The moon is Flicts". Polivalente, esse autor de livros infantis tem uma longa trajetória como artista gráfico, humorista, ilustrador, cartunista, caricaturista, dramaturgo e jornalista. 

[creditofoto]

A paixão de Ziraldo pelo desenho começou muito muito cedo. Seu primeiro tabalho foi pubicado aos seis(!!!) anos de idade. A partir da década de 50, Ziraldo entra no mecado de trabalho trabalhando em diversos jornais e revistas de grande expressão como: Jornal do Brasil, O Cruzeiro, Folha de Minas entre outros.
Além de artista gráfico, Ziraldo é também pintor, cartazista, jornalista, teatrólogo, chargista, caricaturista e escritor. 

Sua carreira teve uma enorme explosão na década de 60 quando transformou-se num autor de comics e lançou a primeira revista brasileira do gênero feito por um só autor, reunindo uma turma chefiada pelo Saci Pererê, figura mais importante do imaginário brasileiro.

Ele foi o primeiro a criar uma revista de história em quadrinhos brasileira, reunindo todos os bichos do folclore nacional, um pequeno índio e o Saci-Pererê, que, sendo o mais importante mito popular do país, deu título à publicação. Sua consagração total chegou com o lançamento de ‘O Menino Maluquinho’, lido e admirado por milhões de crianças de várias gerações que ainda tiveram a alegria de assisti-lo em duas versões para o cinema.

Durante o período da Ditadura Militar ( 1964-1984 ), Ziraldo realizou um trabalho intenso de resistência à repressão. Fundou, junto com outros humoristas, o mais importante jornal não-conformista da história da imprensa brasileira, O Pasquim. No dia seguinte à edição AI5, Ziraldo foi preso em sua residência e levado para o Forte de Copacabana, por ser considerado um elemento perigoso. 

No final dos anos 60, o trabalho do artista ganhou atenção internacional, recebendo diversos prémios e propostas . Foi, por exemplo, convidado a desenhar o cartaz anual da UNICEF, honraria concedida pela primeira vez a um artista latino.

Em 1969, Ziraldo publicou seu primeiro livro infantil, FLICTS. É a história de uma cor que não encontrava seu lugar no mundo. A história com mais cores do que palavras conquistou milhares de fãs pelo mundo.

A partir de 1979, Ziraldo focalizou suas forças na produção da sua grande paixão: livros infantis. Ziraldo publicou "O Planeta Lilás" e, no ano seguinte, ganhou o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro com o livro O Menino Maluquinho, que se transformou no maior sucesso editorial e foi adaptado para o teatro, o cinema e para internet, e teve uma versão para ópera infantil.

 Em 1980, lançou O MENINO MALUQUINHO, que lhe rendeu sua maior consagração como autor infantil. O livro se transformou num dos maiores sucessos editoriais na categoria e já foi adaptado para teatro, revista em quadrinhos e cinema. O Menino Maluquinho transformou-se no símbolo do Menino Nacional.  Em 1989, começaram a ser publicadas a revista e as tirinhas em quadrinhos desse personagem.

Em 1994, alguns de seus personagens transformaram-se em selos comemorativos de Natal. Os livros de Ziraldo já foram traduzidos para vários idiomas. "Flicts" já foi enredo de escola de samba em Juiz de Fora e, no carnaval de 1997, Ziraldo foi novamente homenageado e desfilou no alto de um carro com um enorme Menino Maluquinho. Na televisão Ziraldo participou de inúmeros programas. Foi entrevistador na TV Educativa, com o programa "Ziraldo - o papo", no início dos 90.

Em 1999, criou, de uma só vez, duas revistas: Bundas e Palavra. Bundas foi uma resposta bem-humorada às revistas de celebridades. Por sua vez, Palavra se destinava a divulgar e discutir a arte que se faz fora do eixo Rio-São Paulo. No ano 2000, Ziraldo foi convidado para montar um parque de diversões temático em Brasília, o Ziramundo. No início de 2002, surgiu "O Pasquim21", um jornal semanal que tentou reviver, sem sucesso, o histórico O Pasquim.

No carnaval de 2003, Ziraldo foi homenageado pela escola de samba paulista Nenê de Vila Matilde, com o enredo "É Melhor ler... O Mundo Colorido de um Maluco Genial". Em 2004 Ziraldo ganhou, com o livro Flicts, o prêmio internacional Hans Christian Andersen. Sua arte gráfica também pode ser identificada em logotipos, ilustrações, cartazes do Ministério da Educação, camisetas e símbolos de campanhas públicas ou privadas.

Os livros de Ziraldo já foram traduzidos para várias línguas, entre elas, espanhol, italiano, inglês, alemão e francês. Diversas publicações nacionais e internacionais, como Vision, Playboy e GQ, utilizam trabalhos de Ziraldo em suas páginas.

Os traços artísticos de Ziraldo são inconfundíveis. Ziraldo representa atualmente, com maestria,o talento e humor brasileiros e o Brasil pelo mundo afora.

obras

Flicts (1969)
Turma do Pererê (1973)
O Planeta Lilás (1979)
O Menino Maluquinho (1980)
As Anedotinhas do Bichinho da Maçã (1994)
Uma Historinha sem um Sentido (1994)
Tia Nota Dez (1995)
O Menino do Rio Doce (1997)
O Calcanhar de Aquiles (1998)
Outro como eu Só Daqui a Mil Anos (1999)
500 Anos de Anedotas de Português (2000)
Rolando de Rir (2001)
http://ziraldo.com/historia/rbiograf.htm
http://educacao.uol.com.br/biografias/ziraldo.jhtm

Biografia de Monteiro Lobato



 
Fotografia de Monteiro Lobato
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Biografia, obras e estilo literário

José Bento Renato Monteiro Lobato foi um dos mais influentes escritores brasileiros do século XX. Foi um importante editor de livros inéditos e autor de importantes traduções. Seguido a seu precursor Figueiredo Pimentel ("Contos da Carochinha") da literatura infantil brasileira, ficou popularmente conhecido pelo conjunto educativo de sua obra de livros infantis, que constitui aproximadamente a metade da sua produção literária. A outra metade, consistindo de contos (geralmente sobre temas brasileiros), artigos, críticas, crônicas, prefácios, cartas, um livro sobre a importância do petróleo e do ferro, e um único romance, O Presidente Negro, o qual não alcançou a mesma popularidade que suas obras para crianças, que entre as mais famosas destaca-se Reinações de Narizinho (1931), Caçadas de Pedrinho (1933) e O Picapau Amarelo (1939). 

Contista, ensaísta e tradutor, este grande nome da literatura brasileira nasceu na cidade de Taubaté, interior de São Paulo, no ano de 1882. Formado em Direito, atuou como promotor público até se tornar fazendeiro, após receber herança deixada pelo avô.  Diante de um novo estilo de vida, Lobato passou a publicar seus primeiros contos em jornais e revistas, sendo que, posteriormente, reuniu uma série deles em Urupês, obra prima deste famoso escritor. 

Em uma época em que os livros brasileiros eram editados em Paris ou Lisboa, Monteiro Lobato tornou-se também editor, passando a editar livros também no Brasil. Com isso, ele implantou uma série de renovações nos livros didáticos e infantis. 

Este notável escritor é bastante conhecido entre as crianças, pois se dedicou a um estilo de escrita com linguagem simples onde realidade e fantasia estão lado a lado. Pode-se dizer que ele foi o precursor da literatura infantil no Brasil. 

Suas personagens mais conhecidas são: Emília, uma boneca de pano com sentimento e idéias independentes; Pedrinho, personagem que o autor se identifica quando criança; Visconde de Sabugosa, a sabia espiga de milho que tem atitudes de adulto, Cuca, vilã que aterroriza a todos do sítio, Saci Pererê e outras personagens que fazem parte da inesquecível obra: O Sítio do Pica-Pau Amarelo, que até hoje encanta muitas crianças e adultos.

Escreveu ainda outras incríveis obras infantis, como: A Menina do Nariz Arrebitado, O Saci, Fábulas do Marquês de Rabicó, Aventuras do Príncipe, Noivado de Narizinho, O Pó de Pirlimpimpim, Reinações de Narizinho, As Caçadas de Pedrinho, Emília no País da Gramática, Memórias da Emília, O Poço do Visconde, O Pica-Pau Amarelo e A Chave do Tamanho. 

Fora os livros infantis, este escritor brasileiro escreveu outras obras literárias, tais como: O Choque das Raças, Urupês, A Barca de Gleyre e o Escândalo do Petróleo. Neste último livro, demonstra todo seu nacionalismo, posicionando-se totalmente favorável a exploração do petróleo apenas por empresas brasileiras. 

No ano de 1948, o Brasil perdeu este grande talento que tanto contribuiu com o desenvolvimento de nossa literatura.

Os primeiros anos

Criado em um sítio, Monteiro Lobato foi alfabetizado pela mãe Olímpia Augusta Lobato e depois por um professor particular. Aos sete anos, entrou em um colégio. Nessa idade descobrira os livros de seu avô materno, o Visconde de Tremembé, dono de uma biblioteca imensa no interior da casa. Leu tudo o que havia para crianças em língua portuguesa. Nos primeiros anos de estudante já escrevia pequenos contos para os jornaizinhos das escolas que frequentou.

Aos onze anos, em 1893, foi transferido para o Colégio São João Evangelista. Ao receber como herança antecipada uma bengala do pai, que trazia gravada no castão as iniciais J.B.M.L., mudou seu nome de José Renato para José Bento, a fim de utilizá-la. No ano seguinte, os pais o presentearam com uma calça comprida, que usou bastante envergonhado. Em dezembro de 1896 foi para São Paulo e, em janeiro de 1897, prestou exames das matérias estudadas na cidade natal, mas foi reprovado no curso preparatório e retornou a Taubaté.

Quando retornou ao Colégio Paulista, fez as suas primeiras incursões literárias como colaborador dos jornaizinhos "Pátria", "H2S" e "O Guarany", sob o pseudônimo de Josben e Nhô Dito. Passou a colecionar avidamente textos e recortes que o interessavam, e lia bastante. Em dezembro prestou novamente os exames para o curso preparatório e foi aprovado. Escreveu minuciosas cartas à família, descrevendo a cidade de São Paulo. Colaborou com "O Patriota" e "A Pátria". Então, se mudou de vez para São Paulo, e tornou-se estudante interno do Instituto Ciências e Letras.

No ano seguinte, a 13 de junho de 1898, perdeu o pai, José Bento Marcondes Lobato, vítima de congestão pulmonar. Decidiu, pela primeira vez, participar das sessões do Grêmio Literário Álvares de Azevedo do Instituto Ciências e Letras. Sua mãe, vítima de uma depressão profunda, veio a falecer no dia 22 de junho de 1899.

Tendo forte talento para o desenho, pois desde menino retrata a Fazenda Buquira, tornou-se desenhista e caricaturista nessa época. Em busca de aproveitar as suas duas maiores paixões, decidiu ir para São Paulo após completar 17 anos.

Seu sonho era a Escola de Belas-Artes, mas, por imposição do avô, que o tinha como um sucessor na administração de seus negócios, acabou ingressando na Faculdade do Largo de São Francisco para cursar Direito. Mesmo assim seguiu colaborando em diversas publicações estudantis e fundou, com os colegas de sua turma, a "Arcádia Acadêmica", em cuja sessão inaugural fez um discurso intitulado: Ontem e Hoje. Lobato, a essas alturas, já era elogiado por todos como um comentarista original e dono de um senso fino e sutil, de um "espírito à francesa" e de um "humor inglês" imbatível, que carregou pela vida afora. Dois anos depois, foi eleito presidente da Arcádia Acadêmica, e colaborou com o jornal "Onze de Agosto", onde escreveu artigos sobre teatro. De tais estudos surgiu, em 1903, o grupo O Cenáculo, fundado junto com Ricardo Gonçalves, Cândido Negreiros, Godofredo Rangel, Raul de Freitas, Tito Lívio Brasil, Lino Moreira e José Antônio Nogueira.

Era anticonvencional por excelência, dizendo sempre o que pensava, agradasse ou não. Defendia a sua verdade com unhas e dentes, contra tudo e todos, quaisquer que fossem as consequências. Venceu um concurso de contos, sendo que o texto Gens Ennuyeux foi publicado no jornal "Onze de Agosto". (11/08).

O advogado

Em 1904 diplomou-se bacharel em Direito e regressou a Taubaté. No ano seguinte fez planos de fundar uma fábrica de geleias, em sociedade com um amigo, mas passou a ocupar interinamente a promotoria de Taubaté e conheceu Maria Pureza da Natividade ("Purezinha"). Em maio de 1907 foi nomeado promotor público em Areias, e casou-se com Purezinha, a 28 de março de 1908. Exatamente um ano depois nasceu Marta, a primogênita do casal. Insatisfeito com a vida bucólica de Areias, planejou abrir um estabelecimento comercial de secos e molhados.

Em 1910 associou-se a um negócio de estradas de ferro e nasceu o seu segundo filho, Edgar. Viveu no interior e nas cidades pequenas da região, escrevendo paralelamente para jornais e revistas, como A Tribuna de Santos, Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro e a revista Fon-Fon, para onde também mandava caricaturas e desenhos. Passou a traduzir artigos do Weekly Times para o jornal O Estado de São Paulo, e obras da literatura universal, também enviando artigos para um jornal de Caçapava. Contudo, era visível a sua insatisfação com a vida que levava e com os negócios que não prosperavam.

No ano seguinte, aos 29 anos, Lobato recebeu a notícia do falecimento de seu avô, o Visconde de Tremembé, tornando-se então herdeiro da Fazenda Buquira, para onde se mudou com toda a família. De promotor a fazendeiro, dedicou-se à modernização da lavoura e à criação. Com o lucro dos negócios, abriu um externato em Taubaté, que confiou aos cuidados de seu cunhado. Em 1912 nasceu Guilherme, o seu terceiro filho. Ainda insatisfeito, mas desta vez com a vida na fazenda, planejou explorar comercialmente o Viaduto do Chá, na cidade de São Paulo, em parceria com Ricardo Gonçalves.

A fama

Em 12 de novembro de 1912, o jornal O Estado de São Paulo, na sua edição vespertina (O Estadinho), publicou o seu artigo Velha Praga. Era véspera de Natal quando o mesmo jornal publicou um conto daquele que mais tarde seria o seu primeiro livro, Urupês. Na Vila de Buquira, hoje município de Monteiro Lobato (São Paulo), nessa mesma época, envolveu-se com a política e logo a deixou de lado. Sua quarta e última filha, Rute, nasceu em fevereiro de 1916, quando iniciava colaboração na recém fundada Revista do Brasil. Era uma publicação nacionalista que agradou em cheio o gosto de Lobato.

Somente em 1914, como fazendeiro em Buquira, um fato definiria de vez a sua carreira literária: durante o inverno seco daquele ano, cansado de enfrentar as constantes queimadas praticadas pelos caboclos, o fazendeiro escreveu uma "indignação" intitulada Velha Praga, e a enviou para a seção Queixas e Reclamações do jornal O Estado de S. Paulo, edição da tarde, o "Estadinho". O jornal, percebendo o valor daquela carta, publicou-a fora da seção que era destinada aos leitores, no que acertou, pois a carta provocou polêmica e fez com que Lobato escrevesse outros artigos como, por exemplo, Urupês, dando vida a um de seus mais famosos personagens, o Jeca Tatu.

O editor

Em 1918, Monteiro Lobato comprou a Revista do Brasil e passou a dar espaço para novos talentos, ao lado de pessoas famosas. Tornou-se, dessa forma, um intelectual engajado na causa do nacionalismo, a qual dedicou uma preocupação fundamental, tanto na ficção quanto no ensaio e no panfleto. Crítico de costumes, no qual não faltava a nota do sarcasmo e da caricatura, de sua obra elevou-se largo sopro de humanidade e brasileirismo. Nas mãos de Monteiro Lobato, a Revista do Brasil prosperou e ele pode montar uma empresa editorial, sempre dando espaço para os novatos e divulgando obras de artistas modernistas.

Lobato também foi precursor de algumas ideias muito interessantes no campo editorial. Ele dizia que "livro é sobremesa: tem que ser posto debaixo do nariz do freguês". Com isso em mente, passou a tratar os livros como produtos de consumo, com capas coloridas e atraentes, e uma produção gráfica impecável. Criou também uma política de distribuição, novidade na época: vendedores autônomos e distribuidores espalhados por todo o país.

Primeiro seus livros foram publicados pela Editora da Revista do Brasil. Assim, o livro Urupês, em sua sexta edição em 1920, está registrado "Ed. da Revista do Brasil, São Paulo, 1920". Na última capa consta: "Director Monteiro Lobato, Secretario Alarico Caiuby", "A venda em todas as livrarias e no escriptorio da Revista do Brasil".

Logo fundou a editora Monteiro Lobato & Cia., depois chamada Companhia Editora Nacional, com a obra O Problema Vital, um conjunto de artigos sobre a saúde pública, seguido pela tese O Saci Pererê: Resultado de um Inquérito. Privilegiava a edição de autores estreantes como a senhora Leandro Dupré, com o sucesso "Éramos Seis". Traduziu também muitos livros e editou obras importantes e polêmicas como "A Luta pelo Petróleo", de Essad Bey, para o qual fez uma introdução tratando da questão do petróleo no Brasil.

O fim

Mesmo em liberdade, Monteiro Lobato não teve mais tranquilidade, e seu filho mais velho, Edgar, morreu em fevereiro de 1942, exatamente três anos depois do falecimento de Guilherme.

Em 1943 foi fundada a Editora Brasiliense por Caio Prado Júnior, que negociou com Lobato a publicação de suas obras completas. Logo em seguida, por ironia do destino, recusou a indicação para a Academia Brasileira de Letras. Entretanto integrou a delegação paulista do I Congresso Brasileiro de Escritores reunidos em São Paulo, que divulgou, no encerramento, uma declaração de princípios exigindo legalidade democrática como garantia da completa liberdade de expressão do pensamento e redemocratização plena do país.

Suas companhias foram liquidadas e a censura da ditadura faz com que Lobato se aproximasse dos comunistas, chegando a receber convite do Partido Comunista para integrar a bancada de candidatos. Foi na prisão, no Estado Novo, que Lobato fez seus primeiros contatos com os comunistas. Lobato recusou o convite para entrar na vida pública, mas enviou uma nota de saudação que foi lida por Luís Carlos Prestes num grande comício realizado em 1945, no estádio do Pacaembu. Meses depois foi publicado Nasino, edição italiana de Narizinho, ilustrada por Vincenzo Nicoletti. Em maio A Menina do Narizinho Arrebitado foi transformada em radionovela para crianças pela Rádio Globo no Rio de Janeiro.

Tornou-se diretor do Instituto Cultural Brasil-URSS, mas foi obrigado a se afastar do cargo em setembro de 1945, quando foi levado para ser operado às pressas de um cisto no pulmão. A entrevista que concedeu ao Diário de São Paulo causou grande repercussão e, em 1946, muda-se para Buenos Aires, na Argentina, "atraído pelos belos e gordos bifes, pelo magnífico pão branco e fugindo da escassez que assolava o Brasil", conforme declarou à imprensa. Antes de partir, tornou-se sócio da Editora Brasiliense a convite de Caio Prado Júnior que, na sua editora, preparava as Obras Completas já traduzidas para o espanhol e editadas na Argentina. Em outubro fundou a Editorial Acteon, com Manuel Barreiro, Miguel Pilato e Ramón Prieto. As obras de Lobato caem em domínio público em 2018.

Voltou em 1947 por não se ambientar ao clima local e, em entrevista aos repórteres que o aguardavam no aeroporto, classificou o governo de Eurico Gaspar Dutra de "Estado Novíssimo, no qual a constituição seria pendurada (suspensa) num ganchinho no quarto dos badulaques". Dessa indignação surgiu o seu último livro Zé Brasil, publicado pela Editorial Vitória, em que Lobato mais uma vez reelaborava o seu personagem Jeca Tatu, transformando-o em trabalhador sem-terra e esmagado pelo latifúndio. Diante da proibição das atividades do Partido Comunista em todo o país, determinada pelo ministro da Justiça, escreveu A Parábola do Rei Vesgo para um comício de protesto, lido e aclamado pela multidão reunida no Vale do Anhangabaú, na noite de 18 de junho. O texto refletia o desencanto de Lobato com a democracia restritiva do general Dutra. Em dezembro foi a Salvador assistir a opereta Narizinho Arrebitado. Lobato escreveria novo libreto para o espetáculo, considerado a sua última criação infantil. Publicou O Problema Econômico de Cuba, também a sua última tradução.

Em abril de 1948 sofreu um primeiro espasmo vascular que afetou a sua motricidade. Mesmo assim, afiliou-se à revista Fundamentos e publicou os folhetos De Quem É o Petróleo na Bahia e Georgismo e Comunismo.

Dois dias após conceder a Murilo Antunes Alves, da Rádio Record, a sua última entrevista, na qual defendeu a Campanha de O Petróleo é Nosso, Monteiro Lobato sofreu um segundo espasmo cerebral e faleceu às 4 horas da madrugada, no dia 4 de julho de 1948, aos 66 anos de idade. Sob forte comoção nacional, seu corpo foi velado na Biblioteca Municipal de São Paulo e o sepultamento realizado no Cemitério da Consolação


Frases de Monteiro Lobato 

- "De escrever para marmanjos já estou enjoado. Bichos sem graça. Mas para crianças um livro é todo um mundo."

- "É errado pensar que é a ciência que mata uma religião. Só pode com ela outra religião."

- "O livro é uma mercadoria como qualquer outra; não há diferença entre o livro e um artigo de alimentação. (...) Se o livro não vende é porque ele não presta".

- "Tudo tem origem nos sonhos. Primeiro sonhamos, depois fazemos."
  • retirado em 23/05/2012 dos sites:
  • http://pt.wikipedia.org/wiki/Monteiro_Lobato
  • http://bibliotecamirassol.blogspot.com.br/2011/01/vida-e-obra.html