O sarampo é uma doença infecto-contagiosa causada por um vírus
chamado Morbillivirus, muito comum na infância. A enfermidade é uma das
principais responsáveis pela mortalidade infantil em países do Terceiro
Mundo. No Brasil, graças às sucessivas campanhas de vacinação e
programas de vigilância epidemiológica, a mortalidade não chega a 0,5%.
Como se transmite?
É transmitido diretamente de pessoa a pessoa, através das secreções
nasofaríngeas, expelidas ao tossir, espirrar, falar ou respirar. Essa
forma de transmissão é responsável pela elevada contagio- sidade da
doença. Tem sido descrito, também, o contágio por dispersão de gotículas
com partícu- las virais no ar, em ambientes fechados como, por exemplo:
escolas, creches e clínicas.
Período de incubação
Geralmente de 10 dias (variando de 7 a 18 dias), desde a data da
exposição até o aparecimento da febre, e cerca de 14 dias até o início
do exantema.
Período de transmissibilidade
É de 4 a 6 dias antes do aparecimento do exantema, até 4 dias após. O
período de maior transmissibilidade ocorre 2 dias antes e 2 dias após o
início do exantema. O vírus vacinal não é transmissível.
Suscetibilidade e imunidade
A suscetibilidade ao vírus do sarampo é geral. Os lactentes cujas
mães já tiveram sarampo ou foram vacinadas possuem, temporariamente,
anticorpos transmitidos por via placentária, conferindo imunidade,
geralmente, ao longo do primeiro ano de vida, o que interfere na
resposta à vacinação. No Brasil, cerca de 85% das crianças perdem esses
anticorpos maternos por volta dos 9 meses de idade
Manifestações clínicas
Caracteriza-se por febre alta, acima de 38,5°C, exantema
máculo-papular generalizado, tosse, coriza, conjuntivite e manchas de
Koplik (pequenos pontos brancos que aparecem na mucosa bucal,
antecedendo ao exantema). Didaticamente as manifestações clínicas do
sarampo são divididas em três períodos:
• Período de infecção: dura cerca de 7 dias, iniciando com período
prodrômico, onde surge febre, acompanhada de tosse produtiva, coriza,
conjuntivite e fotofobia. Do 2° ao 4° dias desse período, surge o
exantema, quando se acentuam os sintomas iniciais, o paciente fica
prostrado e aparecem as lesões características do sarampo: exantema
cutâneo máculo-pa- pular de coloração vermelha, iniciado na região
retroauricular.
• Remissão – caracteriza-se pela diminuição dos sintomas, declínio da
febre. O exantema torna-se escurecido e, em alguns casos, surge
descamação fina, lembrando farinha, daí o nome de furfurácea.
• Período toxêmico – o sarampo é uma doença que compromete a
resistência do hospedeiro, facilitando a ocorrência de superinfecção
viral ou bacteriana. Por isso, são frequentes as complicações,
principalmente nas crianças até os 2 anos de idade, em especial as
desnutri- das, e adultos jovens.
A ocorrência de febre, por mais de 3
dias, após o aparecimento do exantema, é um sinal de alerta, indicando o
aparecimento de complicações. As mais comuns são: infecções
respiratórias; otites; doenças diarreicas; e, neurológicas.
É durante o período exantemático que, geralmente, se instalam as complicações sistêmicas.
Diagnóstico diferencial
O diagnóstico diferencial do sarampo deve ser realizado para as
doenças exantemáticas febris agudas. Dentre essas, destacam-se as
seguintes: rubéola, exantema súbito (roséola infantum), dengue, enteroviroses, eritema infeccioso (parvovírus B19) e ricketioses.
Diagnóstico laboratorial
É realizado mediante detecção de anticorpos no sangue da criança, na
fase aguda da doença, desde os primeiros dias até 4 semanas após o
aparecimento do exantema.
Como se prevenir?
A doença torna-se mais grave quando atinge mães em período de
amamentação, crianças desnutridas e adultos. Vacinar é o meio mais
eficaz de prevenção contra o sarampo.
A rede pública prioriza a vacinação de crianças a partir de 12 meses
de idade, mas a vacina Tríplice Viral (sarampo, caxumba e rubéola)
também é indicada e está disponível na rede privada de vacinação para
crianças, adolescentes e adultos que nunca foram vacinados ou que devem
receber a segunda dose (reforço).
A Sociedade Brasileira de Imunizações recomenda uma dose aos 12 meses
e uma dose de reforço entre 4 – 6 anos para as crianças. Uma ou duas
doses para homens e mulheres com até 49 anos, de acordo com histórico
vacinal. Para quem tem mais de 49 anos, a recomendação é de uma dose da
vacina Tríplice Viral. Os adolescentes previamente vacinados devem estar
atentos à dose de reforço. Já os que nunca receberam essa vacina (ou a
Dupla Viral), ou que desconhecem seu passado vacinal, devem receber duas
doses. Em todos os casos, deve-se observar o intervalo mínimo de 30
dias entre as aplicações.
Tratamento
Não existe tratamento específico para a infecção por sarampo. O tratamento profilático com antibiótico é contraindicado.
É recomendável a administração da vitamina A em crianças acometidas
pela doença, a fim de reduzir a ocorrência de casos graves e fatais.
Para os casos sem complicações, manter a hidratação, o suporte
nutricional e controlar a febre. Muitas crianças necessitam, de 4 a 8
semanas, para recuperar o estado nutricional que apresentavam antes do
sarampo.
As complicações como diarréia, pneumonia e otite média devem ser tratadas.
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